Hiperlexia: Veja como ela afeta a vida escolar das crianças
A Hiperlexia é um fenômeno no qual crianças pequenas, sem que haja o incentivo de adultos, demostram um fascínio por letras, números e agrupamentos silábicos a ponto de conseguirem ler de forma precoce palavras e frases completas já nos primeiros meses de vida.
Porém, diferente do que acontece com aquelas consideradas superdotadas, as crianças hiperléxicas não compreendem o que está escrito, não interpretam e não identificam o uso social das palavras.
Por isso tanto a leitura quanto a fixação por números se tornam atividades mecânicas que ao invés de ajudar acabam atrapalhando os pequenos em aspectos importantes do seu cotidiano.
Por ser um fenômeno relacionado ao desenvolvimento da linguagem e não a inteligência, a manifestação da hiperlexia em algumas crianças pode estar relacionada com outras condições médicas como o TEA (Transtorno do Espectro Autista) e a síndrome de Asperger.
Entretanto é importante ressaltar que nem toda criança hiperléxica é autista e por isso pais, familiares e educadores, ao perceberem os primeiros sinais dessa condição, devem buscar ajuda especializada para que o tratamento seja iniciado o mais rápido possível.
Como os pais devem agir
Ao perceber a facilidade das crianças em ler, é comum que os familiares fiquem encantados e acabem estimulando o comportamento dos filhos com mais livros e números, sem notar que, no caso de crianças hipeléxicas, isso faz com que a elas se isolem cada vez mais do convívio social.
Ao estimularem esse comportamento os pais, sem saber, instigam a criança a agir cada vez mais de forma racional se afastando, por exemplo, de outras crianças da sua idade o que afeta a sua inteligência emocional.
Com isso os pequenos acabam não aprendendo a lidar com as diferentes situações que envolvem o convívio social como de afeto e frustação, por exemplo, e assim elas se tornam mais egocêntricas e antissociais.
Como a hiperlexia afeta a vida escolar
Uma criança hiperléxica começa a apresentar os primeiros sinais desse fenômeno já nos primeiros anos de vida, normalmente entre os 18 meses e os três anos de idade. Nos anos iniciais, crianças que possuem essa condição acabam tendo alguns desafios na escola.
Do ponto de vista acadêmico, esses alunos, apesar da facilidade na leitura, na contagem, e na capacidade de memorização acima da média, costumam ter desafios no desenvolvimento da comunicação oral assim como na interpretação contextualizada de textos.
Isso ocorre por que, como vimos antes, a facilidade que essas crianças têm em identificar e memorizar agrupamentos silábicos e padrões números é uma atividade essencialmente “mecânica”, ou seja, apesar de lembrar do som das letras a ponto de conseguir ler frases inteiras, a criança não está realmente lendo aquilo que vê, mas sim localizando e repetindo os padrões que ela decodificou.
Diversas pesquisas mostram que quanto mais interação as crianças têm nos seus primeiros anos de vida, mais rápido se dá o seu desenvolvimento intelectual, motor e principalmente emocional e isso contribui diretamente no seu processo de aprendizado.
Porém, por estarem sempre buscando padrões e rotinas, crianças com hiperlexia tendem a se isolar das outras e evitar brincadeiras que são importantes para o seu desenvolvimento.
Isso limita o estímulo a sua comunicação oral, ao pensamento criativo e as relações interpessoais, o que afeta diretamente a sua evolução na escola.
Diagnosticando a hiperlexia
Como vimos, os principais sinais da hiperlexia são comportamentais e por isso o seu diagnóstico se dá por meio da observação. É importante que tanto pais quando educadores, ao perceberem que a criança apresenta os sinais do distúrbio procurem ajuda especializada para que seja feita uma avaliação e criado um plano de ação para a mitigar do quadro.
Sinais da hiperlexia
Quando falamos de crianças hiperlexicas os pontos que devemos ficar atentos são:
- Fixação com letras ou números;
- Memorização de frases sem entender o significado;
- Conseguir ler palavras e frases muito acima da média do que é esperado para sua idade;
- A criança parece ser muito talentosa em algumas áreas e extremamente deficiente em outras;
- Ela apresenta uma dificuldade significativa na compreensão da linguagem verbal;
- Demonstra medos específicos ou incomuns;
- Tem ótima memória, mas tem dificuldade em processar o que foi dito;
- Tem um apego excessivo a rotinas ou rituais;
- Repete de forma incomum palavras ou frases (ecolalia);
- Tem dificuldade em socializar e interagir com as pessoas.
Ao perceberem esses sinais os responsáveis devem procurar ajuda de um neurologista infantil, de fonoaudiólogos e neuropsicólogos especializados em autismo e altas habilidades/superdotação.
O diagnóstico precoce é fundamenta, pois mesmo que os sinais mais comuns do problema se tornem menos perceptíveis com o passar do tempo, a falta de uma intervenção terapêutica adequada pode fazer com que a criança carregue traços do distúrbio e prejuízos socioemocionais pelo resto da vida.
Tratamentos para hiperlexia
Como vimos, crianças hiperléxicas não tem prejuízos do ponto de vista da inteligência, e se aplicadas de forma pedagógica, suas características únicas podem ser utilizadas a favor do seu desenvolvimento. Por isso tratamento da hiperlexia se baseia em três pilares: escolar, social e afetivo.
O processo além de estimular o convívio dos pequenos com outras crianças da mesma idade, utiliza sua capacidade de memorização para estimular outras habilidades, a linguagem escrita dará suporte para o estímulo à comunicação oral, e assim por diante.
Porém como sabemos que cada criança é única a conduta terapêutica pode variar de acordo com as necessidades de cada uma delas.
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